terça-feira, 6 de novembro de 2018

Pesquisa: Vai com quem? Vou comigo

Pesquisa: Vai com quem? Vou comigo

Estamos realizando uma pesquisa na Universidade Federal da Bahia (NEIM; PERMANECER 2018-2019) sobre pessoas solteiras que costumam sair para atividades de lazer e viajar sozinhas. O estudo visa colaborar para conhecer práticas e sentidos em torno da solteirice,  para homens e mulheres brasileiros/as. Participar, você deve ter idade mínima de 21 anos, ser/estar solteiro(a), e ter o costume de sair para atividade de lazer e viajar sozinho(a). Informamos que a participação na pesquisa é voluntária e anônima, tendo os dados utilizados para relatos de pesquisa e publicações científicas. 

Para a pesquisa, aplicaremos um questionário, e em seguida faremos entrevista com homens e mulheres. 

Acesse o questionário e participe!

Agradecemos a colaboração!

Profa. Darlane Andrade e estudantes Flávia de Jesus e Carla Menezes
Contato: pesquisa.solteirice@gmail.com / www.solteirice-salvador.blogspot.com

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Call for papers: Portraits on singleness and challenges for feminisms


In the collection “Portraits on Singleness and Challenges for Feminisms”, it is intended to gather articles, essays and research reports from the various fields of knowledge on practices, discourses and representations that analyze the different ways in which singleness is experienced by men and women, as well as represented in the media, in the literature, from a feminist and gender perspectives. We are calling singleness as a condition or situation of being single. It has gained space in studies for reflecting a context of social changes, values, gender relations, among others, and expresses ruptures in the ways of living in a contemporary urban context, and in the way that unmarriage women are represented. This collection of papers intends to give visibility to studies on singleness and to discuss the theoretical and methodological challenges for feminism studies in what concerns the construction of analysis strategies on the phenomenon and the repercussions of the feminist struggles in the adoption of modes of being and living outside the standards and heteronorms, especially for women.

The articles can be sent in Portuguese, English or Spanish, and must follow the rules of the journal “Revista Feminismos”: text with 15 to 25 pages, or 50.000 characters. Deadline for sending the article: December 15th, 2018 New deadline: January, 30th, 2019 Extended to: 20th of May E-mail: pesquisa.solteirice@gmail.com
“Revista Feminismos” (or Feminism Journal) is an electronic, quarterly, international, academic publication, linked to the Postgraduate Program in Interdisciplinary Studies on Women, Gender and Feminism - PPGNEIM and to the Center for Interdisciplinary Studies on Women - NEIM of the Federal University of Bahia, Brazil. The journal aims to promote the articulation between theory and feminist praxis through the publication of works in different modalities that allow the dialogue between the different feminist perspectives and the gender studies. Revista Feminismos - ISSN: 2317-2932

The collection of papers is organized by the professors of the Federal University of Bahia, Dr. Darlane Silva Vieira Andrade (Lecturer in the Department of Gender and Feminism Studies, Researcher of the Center for Interdisciplinary Studies on Women - NEIM / UFBA and the Research Group on Mental Health and Gender / UnB), and Dr. Márcia Tavares (Professor at the Institute of Psychology, Postgraduate Program in Interdisciplinary Studies on Women, Gender and Feminism - PPGNEIM and Researcher at NEIM / UFBA)
Contacts: darlane.andrade@ufba.br / marciatavares1@gmail.com


Chamada para dossiê Retratos sobre a solteirice

No dossiê Retratos sobre a solteirice e os desafios para os feminismos pretende-se reunir artigos, ensaios e relatos de pesquisa dos diversos campos do saber sobre as práticas, discursos e representações que analisem as diversas formas com que a solteirice é vivenciada por homens e mulheres, bem como representada nos meios midiáticos, na literatura, a partir de um olhar feminista e de gênero. A solteirice, como uma condição ou situação de estar solteiro/a tem ganhado espaço em estudos por refletirem um contexto de mudanças sociais, de valores, das relações de gênero, entre outras, e que expressa rupturas nos modos de viver em contexto urbano contemporâneo, e no modo de representar as mulheres, fora do casamento. Pretende-se com este dossiê, dar visibilidade a estudos sobre a solteirice e discutir os desafios teóricos e metodológicos para os feminismos no que tange a construção de estratégias de análise sobre o fenômeno e as repercussões das lutas feministas na adoção de modos de ser e de viver fora fora dos padrões estandartizados e das heteronormas, principalmente para mulheres.


Os artigos podem ser enviados em português, inglês ou espanhol, e devem seguir as normas da revista: texto de 15 a 25 laudas, até 50 mil caracteres.  Prazo para envio do artigo: 15 de dezembro de 2018, estendido para 30 de janeiro de 2019, 20 de maio de 2019 por e-mail: pesquisa.solteirice@gmail.com


A Revista Feminismos é uma publicação eletrônica, trimestral, internacional, de cunho acadêmico, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM e ao Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM da Universidade Federal da Bahia. A revista tem como propósito promover a articulação entre a teoria e a práxis feminista através da publicação de trabalhos em diferentes modalidades que possibilitem o diálogo entre as diversas perspectivas feministas e dos estudos de gênero. Dados da Revista: Revista Feminismos  - ISSN: 2317-2932

O dossiê é organizado pelas docentes da Universidade Federal da Bahia, Dra. Darlane Silva Vieira Andrade (Docente no Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo, Pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher - NEIM/UFBA e do Grupo de Pesquisa saúde mental e gênero/UnB), e Dra. Márcia Tavares (Docente no Instituto de Psicologia, no Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo - PPGNEIM e Pesquisadora do NEIM/UFBA)

Contatos: darlane.andrade@ufba.br / marciatavares1@gmail.com

terça-feira, 15 de agosto de 2017

15 de agosto, dia das solteiras e solteiros online

No dia 15 de agosto é comemorado o dia das pessoas solteiras. A origem da data é desconhecida, e mesmo se fosse, a celebração não teria destaque numa cultura onde a união afetiva entre duas pessoas é valorizada e celebrada pelo comércio como um dia para se dar e ganhar presentes. 

A solteirice como uma situação ou condição de quem está solteiro/a, faz parte do cotidiano de muitas pessoas que não se casaram por escolha ou por diversos outros motivos, e merece ser celebrado principalmente pelo seu significado estar atrelado à liberdade, de acordo estudos sobre o tema*. 

A solteirice vem sendo desvinculada à ideia de solidão, isolamento social, afetivo e sexual, e nas práticas sociais, solteiros e solteiras tem construído um estilo de vida diverso e movimentado! No campo do exercício da sexualidade, chama atenção a inclusão de dispositivos tecnológicos que facilitam a comunicação entre pessoa que buscam encontrar alguém para fazer amizade, ter encontro(s) sexual(is) casual(is), começar uma relação de namoro ou outro estilo de relacionamento. O tema vem sendo estudado no NEIM/UFBA, no projeto PIBIC: “A solteirice em estudo: o uso de aplicativos de paquera por solteiros/as em Salvador”.
                         
Neste estudo foram feitas observações nos aplicativos tinder, happn, grindr, e entrevistas com 126 pessoas adultas de diversas orientações sexuais. A metodologia utilizada no estudo será apresentada por Marcos Guedes e Aliane Lima, bolsistas PIBIC, na aula aberta da disciplina “Iniciação Científica aos Estudos de Gênero II”, ministrada pela profa Darlane Andrade, no Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade/UFBA, no dia 16 de agosto, às 18:30h na sala 121 no PAF I/ Ondina.

Parte do estudo que trata dos dados das/os participantes LGBT foi apresentada por Marcos Guedes no evento “A Clandestinidade dos Afetos LGBTs”, no Conselho Regional de Psicologia da Bahia, em junho deste ano, e pode ser acessado online: 
                               
Esperamos que solteiras e solteiros desfrutem seu dia!

* Alguns estudos sobre o tema: ANDRADE, Darlane Silva Vieira. A “solteirice” em Salvador: desvelando práticas e sentidos entre adultos/as de classes médias. 2012, 312f. Salvador. Tese (Doutorado em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.

ANDRADE, Darlane Silva Vieira. A solteirice na vida adulta: reflexões para estudos e atuação na psicologia. In: ANDRADE, Darlane, DOS SANTOS, Helena, DENEGA, Alessa (org.) Gênero na Psicologia: saberes e práticas. Salvador: Conselho Regional de Psicologia da Bahia, 2016. Disponível em: https://www.crp03.org.br/midia/genero-na-psicologia-saberes-e-praticas


GONÇALVES, Eliane. Vidas no singular: noções sobre “mulheres sós” no Brasil contemporâneo. Campinas, 2007, 275 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. Disponível em: <http://www.agencia.fapesp.br/arquivos/vidas_no_singular.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2011.

GONÇALVES, Eliane. Nem só nem mal acompanhada: reinterpretando a “solidão” das “solteiras” na contemporaneidade. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 15, n. 32, p. 189-216, jul./dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ha/v15n32/v15n32a09.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2011.







sábado, 17 de dezembro de 2016

Pesquisa sobre o uso de Aplicativos de Paquera por solteiros/as de Salvador (PIBIC - 2016-2017)

A pesquisa A solteirice em estudo: o uso de tecnologias da comunicação por solteiros/as em Salvador (PIBIC/UFBA - 2016-2017), coordenada pela Profa. Dra. Darlane S. V. Andrade (NEIM/UFBA), tem como finalidade explorar e conhecer opiniões e práticas em torno da sexualidade de solteiros/as, mediadas por aplicativos para smartphones, tais como Tinder, Happn, Grindr, Scruff e Hornet, que são utilizados com esta finalidade por homens e mulheres adultos/as, solteiros/as, de diferentes orientações sexuais, residindo em Salvador. O estudo objetiva também identificar as práticas em torno da sexualidade, modos de vida e redes de relações de pessoas adultas solteiras, em contexto de classe média urbana. Este estudo se fundamenta em uma perspectiva analítica interdisciplinar e feminista das relações de gênero, tendo a categoria gênero como a principal utilizada para análise dos dados, vista de forma interseccional com as de sexualidade/orientação sexual, raça/etnia, idade/geração e classe social (de modo específico, a classe média urbana).  
A pesquisa utiliza uma metodologia qualitativa, tendo entrevistas e observações de campo (em ambiente virtual, baseada na netnografia), como instrumentos. Para a construção dos dados, estão sendo realizadas entrevistas semi-estruturadas através de chats nos aplicativos, e observações in locus acerca do funcionamento do Tinder, Happn, Grindr, Scruff e Hornet e das dinâmicas de apresentação das pessoas nos perfis e modos de interação com algumas destas.
O estudo teve início em julho de 2016 e a equipe de pesquisa tem feito leituras e fichamentos de textos sobre netnografia, cibercultura, uso de aplicativos para paquera, sexualidade e solteirice, para fundamentar as análises dos dados. Até o momento, foram realizadas 91 entrevistas nos aplicativos com solteiros/as heterossexuais e LGBT's (lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans), e foi realizada uma entrevista piloto, presencialmente. Após a análise dos dados já coletados, iniciaremos a segunda etapa do estudo com realização de entrevistas para um aprofundamento das principais questões da pesquisa.

A equipe de pesquisa é composta por: Darlane Andrade - Coordenadora, Marcos Guedes e Aliane Lima - Bolsistas PIBIC e Aline Vilas Boas e Mariana Monteiro - Voluntárias.

Interessados(as) em colaborar com o estudo, enviar email para pesquisa.solteirice@gmail.com.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Fluidez dos relacionamentos implica em definição de novas regras"

As regras envolvendo os relacionamentos atuais foi tema de reportagem de Juliana Rodrigues e Laís Andrade para o "Impressão digital" da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia - FACOM/UFBA. A professora Darlane Andrade colaborou com a reportagem, discutindo a fluidez das regras nas relações atuais e a importância da discussão de gênero para análise do tema. 

Segue um trecho da reportagem: 

"Esses questionamentos das formas de se relacionar chegaram até à academia. Na obra Amor Líquido, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman relaciona a “fluidez” dos relacionamentos pós-modernos com a lógica da mercadoria, que passou a ter proeminência com o advento do capitalismo global. A psicanalista Eunice Tabacof demonstra concordar com o pensamento de Bauman. “Eu acho que existe uma liquidez na sociedade de maneira geral, uma liquidez nos valores, na própria forma como o mundo se desenha, uma insegurança global sobre o estar no mundo”, afirma.


Darlane Andrade, psicóloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim-Ufba), também considera que as transformações sociais das últimas décadas tiveram influência direta sobre as formas de relacionamento: “Devido a muitas mudanças sociais, históricas, culturais, econômicas e ao movimento feminista, que trouxe mudanças principalmente na sexualidade e nos papéis de gênero, a gente percebe que hoje a regra da fidelidade sofreu grandes transformações. A fidelidade maior hoje é a fidelidade ao seu desejo, e esse desejo vai nortear as escolhas para o tipo de relação que se tem”.

A pesquisadora aponta que um importante elemento das relações pós-modernas é a comunicação. Segundo Darlane, no modelo de família nuclear e patriarcal as regras já estavam pré-estabelecidas, enquanto nos dias de hoje é possível observar que as normas de cada relacionamento são uma construção mútua. “Historicamente, uma pessoa diz que está namorando com a outra quando essa relação envolve um sentimento de desejo sexual, amor, mas envolve também a questão da fidelidade. Mas se a gente for esmiuçar a relação de namoro, por exemplo, tem casais de namorados que têm a prática de troca de casais. Então, a fidelidade não é tradicional”, explica.
No entanto, para ambas as especialistas, não se pode generalizar a atual situação dos relacionamentos. Eunice considera, por exemplo, que em classes sociais mais altas ainda há a forte presença de valores tradicionais e lógicas de manutenção do patrimônio. Já Darlane acredita que a generalização é a principal falha do pensamento de autores como Bauman:

“Eles não trazem especificidades dos contextos. Seria o caso de olhar pra esses marcadores: gênero, raça, classe, pensando no local onde essas relações acontecem. Se eles falam de uma flexibilização eles estão falando também de um contexto específico. E no contexto local a gente tem que observar que nem todas as relações são tão fluidas, líquidas, assim. Tem muitas convenções que ainda perduram na nossa sociedade”."

Confira a reportagem completa em: http://impressaodigital126.com.br/?p=30900


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Sobre o dia do Sexo e Apps

No último dia 6 de setembro foi comemorado o dia do sexo no Brasil. Esta data é celebrada desde 2008, a partir de uma estratégia de marketing da marca de preservativos Olla. Desde então, a Olla promove campanhas para oficializar a data no calendário. 

Como falar de solteirice é também falar de sexo, os/as bolsista PIBIC/UFBA, Aliane e Marcos escreveram um textinho para refletir sobre o tema a partir do que temos estudado agora: o uso de aplicativos de paquera por solteiros/as em Salvador.


Sobre Sexo e Apps
(por Aliane Lima)

Como diz a musica de Rita Lee “Amor e Sexo”: Amor é um livro, Sexo é esporte. Sexo é escolha, Amor é sorte. Amor é pensamento, teorema. Amor é novela, sexo é cinema. Sexo é imaginação, fantasia. Amor é prosa, Sexo é poesia... Na música, sexo e amor são representados como dicotômicos, onde o amor remete a algo duradouro, não pode ser escolhido, enquanto o sexo é transitório e depende da imaginação das pessoas, das suas fantasias, e é necessário que haja atração física para acontecer. Sexo é algo momentâneo, intenso... É o momento de sentir e dar prazer.

O sexo é falado, vivido, sentido, teorizado, e pode ser experienciado sem tantos pudores e de modo imediato, sem necessariamente estar vinculado ao amor. Em tempos de desenvolvimento das tecnologias de comunicação, o sexo também pode ser virtual ou do virtual, passar para o real. A busca do sentimento de satisfação desses prazeres momentâneos que o sexo pode proporcionar, pode ser alcançada utilizando os aplicativos de paquera pelos solteiros (as) disponíveis para serem acessados via smartphones, como por exemplo, o Tinder, Happn, Grindr, entre outros.

Navegando nestes aplicativos, jogos de sedução podem ser observados, posturas de homens e mulheres que expressam seus desejos e fantasias desde seus lugares de homossexuais, hetero ou bissexuais. O que tenho observado no período de uso de aplicativos por solteiros(as) em Salvador, para fins de pesquisa, foram mulheres heterossexuais mostrando atitude na investida sexual, propondo encontros e permitindo viver sua sexualidade sem silenciar os seus desejos, as suas vontades, apesar da sociedade machista que vivemos querer calar a voz das mulheres.


Tá procurando o quê?

(por Marcos Guedes)

Essa é uma das perguntas mais freqüentes feitas pelas pessoas que utilizam aplicativos de paquera. É assim mesmo: invasiva, veloz e divisora de águas.

Se você é fã de flerte às antigas, um aplicativo de paquera talvez não seja o melhor lugar para colher galanteios. É bem mais provável você se deparar com um abrupto “qual a cor da calcinha que você tá usando” / “manda nudes” que um polido “boa noite” / “olá”. Porém, se por ventura você for exceção e encontrar alguém que elogie seu sorriso antes de te convidar pra transar: abrace e proteja essa pessoa.

Sem susto. É assim mesmo, repito. É que os atuais apps de paqueras possuem um contingente enorme de experientes e impacientes membros/as das precursoras salas +18 de bate-papos virtuais, acostumados/as com live cam e masturbação após cinco minutos de chat privado. Quem já é veterano/a no uso desses aplicativos não tem mais disposição pra seduzir e quem está chegando inevitavelmente percebe que perder tempo com diálogos fáticos é sinônimo de ir pro fim da fila.

Convencionou-se, então, nesses recém ambientes de paquera (e o layout e as funções dos aplicativos em questão colaboram e muito!) uma abordagem estritamente pragmática e, sobretudo, mercadológica. Para corroborar essa minha afirmação, experimentemos analisar aplicativos de paqueras como vitrines. 

Seu corpo é o produto de venda, o aplicativo é o catálogo.

o/a cliente se depara com um variado cardápio de opções e escolhe/consome o que, obviamente, melhor corresponde com suas necessidades – geralmente momentâneas: é asiático (curti!), é gorda (curti!), é tatuado (não curti!), é loira (curti!), usa aparelho dental (não curti!), é malhado (curti!), é mais velha (curti!), é peludo (não curti!).

Do outro lado da tela teremos também das mais diversas descrições (“amo a natureza”, “sou médica”), contra indicações (“tenho filhos”, “sou fumante”), advertências (“sou capricorniana”, “não gosto de gatos”), modos de usar (“gosto que me tratem com carinho”, “adoro sexo selvagem”) e até a validade de oferta dos “produtos” (“sou turista, viajo na quarta”).

O/a mais resoluto/a, aquele/a que melhor fizer merchandising de si, ganha o precioso like e com alguma sorte até transa no fim de semana.

Enfim, nos aplicativos de paquera tudo é estratégia-meio para um fim-sexo – às vezes até aquele/a usuário/a errante, que começou a conversa com uma saudação agradável, queria na verdade angariar um público que ainda não desacostumou com afeto. Sim, ainda que algum/a freguês/a apareça nessa loja na esperança de encontrar o amor da sua vida, sua intenção final será transar com outrem.

Afinal, se você só quer companhia pra aplaudir o sol de forma descompromissada, melhor nem sair do Facebook.

E se você sequer sabe o que tá procurando, é melhor voltar pro barzinho.