quinta-feira, 26 de maio de 2016

Próxima pesquisa: o uso de tecnologias da comunicação por solteiros/as em Salvador

A profa. Dra. Darlane Andrade (BEGD/NEIM/UFBA0, seleciona 2 (dois) bolsistas para atuarem no projeto contemplado no edital PROPCI/UFBA 01‐2016 – PIBIC: “A SOLTEIRICE EM ESTUDO: O USO DE TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO POR SOLTEIROS/AS EM SALVADOR”, cujo objetivo principal é explorar opiniões e práticas em torno da sexualidade mediadas por aplicativos para smartphones (como tinder, happn e grindr) com esta finalidade, utilizados por homens e mulheres solteiros/as de diferentes orientações sexuais, em Salvador. 

As inscrições serão feitas com encaminhamento dos seguintes documentos para o emaildarlane.andrade@ufba.br até o dia 29 de maio de 2016, domingo, às 8:00h da manhã:
1.Carta manifestando o interesse e as razões que a/o levam a participar do processo seletivo, além de justificar o interesse em atuar com as temáticas do projeto. Caso tenha experiência prévia com o campo dos estudos de gênero e sexualidade, apresenta-la na mesma carta. Na carta, informar: nome completo, CPF, endereço e telefone.
2. Cópia do comprovante de matrícula do semestre vigente
3. Cópia do Histórico Escolar
4. Curriculum Vitae – no modelo do CV Lattes (este pode ser enviado posteriormente, caso ainda não tenha o currículo cadastrado na plataforma).



terça-feira, 17 de maio de 2016

"Como ser solteira"



O filme Como ser Solteira (Direção: Christian Ditter, 2016, Warner) fala sobre os significados de estar solteiro para homens e mulheres, reproduzindo alguns estereótipos que geralmente são associados aos/as solteiros/as. A personagem Alice (Dakota Johnson), uma adulta jovem, após o fim do seu relacionamento, inicia uma interação com a vida de solteira em Nova Iorque, junto à sua amiga Robin (Rebel Wilson), também adulta jovem, que é uma solteira declarada, gosta de baladas, bebedeiras, sexo casual e muita curtição. Robin demonstra uma imagem da mulher solteira, sem compromisso, irresponsável e que vive na balada. Além disso, as pessoas solteiras, no filme, são retratadas como pessoas que via de regra, buscam uma parceria amorosa, deixando de priorizar outros âmbitos da vida, como o trabalho. Robin, então, irá mostrar à amiga que acabara de se separar, “como ser solteira”.
A amizade de Alice e Robin se resume, a partir daí, à farra. Robin chega a dizer que não sai com a amiga quando esta tem namorado, porque ela “fica muito chata” (sic), ou seja, elas deixam de ir à balada, que é o seu programa preferido e onde busca encontrar homens para se relacionar casualmente. Outras solteiras que aparecem no filme são Lucy e Meg (irmã de Alice). Enquanto Lucy também se encaixa nessa busca de sexo casual, Meg tem como prioridade o trabalho, e, a princípio, não pensa em formar família, mas, apesar de negar, no filme, deixa-se entender que ela nutre dentro de si o desejo de ser mãe. No decorrer da trama, este desejo que ela tenta negar, se concretiza através de inseminação artificial. Esta mesma personagem escolhe a inseminação artificial porque opta por ser uma mãe independente. No entanto, ela termina por ser relacionar com um homem, a princípio casualmente, mas a relação se torna estável. Isto porque, comumente na mídia, o “final feliz” ainda é a constituição de família.
Um dos personagens masculinos é o também solteiro Tom, que era defensor voraz da solteirice, no sentido desta condição estar relacionada ao não compromisso com as relações amorosas. Inclusive, usava estratégias para que as mulheres não se apegassem a ele, como por exemplo, não ter água e nem comida em sua casa, de modo que após um encontro, não houvesse nenhum atrativo para permanecerem juntos. Do mesmo modo que a mídia tende a mostrar que as solteiras encontram seu par, o personagem Tom também se envolve em uma relação mais duradoura.
A solteirice é colocada majoritariamente no filme como algo transitório, como um momento de imaturidade. A exceção é Robin, que não pretende deixar de ser solteira, mostra-se ativa na busca pelo prazer sexual e casual. No entanto, é a personagem mais caricaturada e estereotipada sobre o que é ser uma mulher rica, solteira e sem compromisso, e que, como os homens, busca estratégias para encontrar parceiros sexuais. Apesar de ser rica, ela mantém um “trabalho” com a intenção de encontrar potenciais pessoas para transar, além de ficar mais próxima da amiga.
O final de Alice é o que mais surpreende no filme. Apesar de, no decorrer da trama, ela se relacionar com três homens, ela percebe que renuncia as suas vontades para agradar as pessoas com quem se relaciona, a não ser com Tom, com quem manteve uma relação estritamente sexual sem a pretensão de agradá-lo. Mostra-se insegura e pouco crítica quanto às relações amorosas porque, para ela, o mais importante é ter alguém ao seu lado. Porém, ao perceber que perde a sua identidade agindo desta forma nos relacionamentos, ela escolhe ficar sozinha e passa a aproveitar melhor o fato de estar morando só e realiza atividades de seu interesse, como por exemplo, fazer atividade física, ler e conhecer lugares novos. Ela descobre que é possível estar/morar sozinha e sentir-se feliz, trazendo um possível contraponto ao discurso midiático que vincula a felicidade das mulheres ao encontro de uma parceria amorosa (estável). No entanto, algumas contradições neste discurso midiático se apresentam no filme quando Alice se reporta à solteirice como uma condição que pode ser transitória, porque uma relação/união e possível casamento pode acontecer. O que chama atenção, contudo, é o fato de que o “final feliz” desta personagem não é um final romântico, e mesmo que isto possa parecer algo temporário, parece ser significativo.  
Espera-se que os diretores repensem a relação dicotômica que é posta: ou a pessoa fixa-se no trabalho, ou se dedica aos relacionamentos, sendo que é possível unir as duas coisas e, principalmente, possam explorar mais nos filmes o aspecto da solteirice também como uma escolha ou estilo de vida e não apenas uma fase.

(Texto escrito por Aline Pinheiro, Irani Santos e Samara Amorim. Supervisão: Darlane  Andrade)