"Mulheres com instrução maior ficam mais solteiras". Essa é a chamada do artigo no "Metro Brasil". A frase é baseada em um estudo do DIEESE, em São Paulo (2009) que aponta como as mulheres solteiras e sem filhos têm renda e formação/instrução maiores do que as casadas ou as separadas e com filhos.
A desigualdade se dá em grande medida pela falta de apoio para as mulheres trabalhadoras no sentido delas terem suporte social e político que favoreça a conciliação da vida familiar com o investimento no trabalho. Em muitas empresas, por exemplo, as mulheres não contam com serviços de creche para auxiliar no cuidado com seus filhos e em casa, quando casadas, nem sempre encontram apoio do companheiro na divisão das tarefas domésticas.
Quanto às solteiras, independentes e bem em sucedidas, a permanência na vida só pode se dar justamente por terem mais vantagens para investir no trabalho e realizar escolhas diferentes e desvinculadas da vida familiar, o que não quer dizer que essas mulheres não tenham uma vida pessoal movimentada. Pelo contrário, a vida de solteira é construída em torno também de diversas relações que se estabelecem com amigos/as, familiares, além de relações afetivo-sexuais. As dificuldades encontradas, no entanto, também existem, principalmente quando essas mulheres buscam um parceiro para se relacionar de forma estável, já que muitos são os homens que não sabem lidar essas "novas mulheres".
Vale a pena atentar para o fato de que vivemos em uma sociedade ainda machista e desigual, em que muitas e diversas mulheres não encontram terreno para serem plenamente realizadas. Essas reflexões estão sendo construídas no estudo de tese sobre "solteirice", que está em fase de análise de dados.
Contato: pesquisa.solteirice@gmail.com
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